Soprômetro

Um amigo meu, cantor famoso cujo nome prefiro omitir, foi pego na blitz da Lei Seca no Rio de Janeiro. Era sexta feira, de madrugada, exatamente um dos horários em que a Polícia Militar costuma montar sua operação para pegar os motoristas que insistem em dirigir embriagados. Aliás, iniciativa que tem dado ótimos resultados, diminuindo o número de acidentes de trânsito.
Meu amigo estava com os olhos vermelhos, segundo ele de cansaço. Tinha ido deixar a filha numa festa na Marina da Glória e andava sofrendo de labirintite. Não sei, não posso dizer nada. Só sei que ele tem um comportamento instável e toma comprimidos tarja preta para equilibrar seus distúrbios emocionais. Bem, é possível também que ele tenha fumado alguma coisa não permitida por lei. É possível, não sei. Mais do que isso é especulação. Só tenho o depoimento dele, que pode ser fantasioso. E as matérias que li nas revistas.
Ao ser parado na blitz, abriu a janela do carro e falou: “não sei se você está me reconhecendo, eu sou o fulano de tal, cantor da MPB... e não bebo”. O policial, que era mais chegado ao pagode, desconsiderou as credenciais do artista e fechou a cara: “documentos do veículo, por favor”.
Meu amigo ficou enfurecido e desceu do carro gritando: “eu já falei que não bebo, cara!!!”. Como se fosse uma ordem para ser liberado. “Pra que essa palhaçada?”. Foi escoltado por 3 policiais até o bafômetro para fazer o teste. Ao ser apresentado ao tubinho de plástico descartável, abriu a boca e, meio de longe como se aquilo fosse um microfone, soltou um som gutural: “Haahh!!!”, imaginando que seu hálito seria o suficiente para fazer funcionar o equipamento. As pessoas na volta caíram na risada.
Percebendo que tinha feito algo de errado, botou o canudo na boca e começou a chupar. O policial, às gargalhadas, se deu conta que teria que passar instruções ao cantor desmiolado. “Meu senhor, esse tubo não é pra chupar, é pra soprar”.
Foi aí que ele, completamente descontrolado, chegou à brilhante conclusão: “então isso não é um bafômetro, é um soprômetro!”.
Não sei que outras barbaridades ele aprontou. Não devem ter sido poucas, pois foi algemado e encaminhado à delegacia por desacato à autoridade. No dia seguinte, seu advogado leu uma nota dizendo que tudo não passou de um mal entendido e que as notícias que correram pela internet foram um exagero dos sites de fofoca. Então tá.

Um comentário:

  1. Fale, por favor, para esse seu amigo que ele é muito arrogante e que a boa educação resolve muitos problemas.
    Também acho que ele deveria trocar de psiquiatra para mudar de remédio.. É somente uma conclusão baseada nos fatos.
    Muito bom.

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