TIPO ASSIM (RBS Publicações)



Texto de apresentação por Moacyr Scilar
“Prezados leitores e leitoras, preparem-se para uma enorme e gratíssima surpresa. Seguinte: vocês conheciam o Kledir Ramil grande compositor. Vocês conheciam o Kledir Ramil cantor, daquela fantástica dupla Kleiton & Kledir. Pois agora vocês vão conhecer o Kledir cronista. E vocês ficarão, como eu fiquei, de queixo caído. O homem é um tremendo cronista, uma verdadeira revelação neste gênero visceralmente brasileiro, que deu, em nosso país, uma gama de nomes famosos que vão de Rubem Braga a Luís Fernando Veríssimo.”
Pois é a este time que o Kledir acaba de se incorporar. E o faz graças a um enorme talento e um não menor humor. É tanto talento, que a gente até se sente na obrigação de reclamar: precisava ser tão talentoso assim esse cara?
Não podia se restringir à musica no que já é aquilo que classicamente costuma se denominar “lenda viva”? Estamos diante de um claro caso de imperialismo do talento. O Kledir literário junta-se ao Kledir musical para mostrar quem, afinal, é o dono do campinho.
Mas nós nos curvamos de bom grado a esse domíno. Porque são notáveis, estas crônicas. Elas nos fazem ver o mundo com outros olhos. Tomem, por exemplo, o texto “Tipo Assim” e concordem comigo: tudo o que precisava ser dito sobre choques de gerações na sua forma atual está ali. De um lado a gíria dos adolescentes, que é, tipo assim, tipo assim (entenderam? Se não entenderam, vocês são adultos normais). De outro lado, a nostalgia do Simca Chambord, da camisa Volta ao Mundo e da Jovem Guarda. Ou tomem Um gaúcho em Paris e concordem comigo: as viagens ao exterior nunca mais serão as mesmas. Todos aqueles caras que arrotavam grandeza falando de suas viagens à Europa ficarão sem graça diante desta fina e inteligente gozação.
Agora: vocês sabem o que é o pior de tudo? O pior de tudo é que o Kledir é modesto. Termina o seu currículo dizendo que “só escreve abobrinhas”. Abobrinhas, Kledir? Abobrinhas? Se estes textos são abobrinhas, então abobrinhas passam imediatamente à categoria de manjar dos deuses. Eu, particularmente, não tenho a menor dúvida: troco qualquer caviar literário metido a besta pelas abobrinhas do Kledir. Experimentem, e vocês nunca mais quererão outro prato.
Moacyr Scliar
 

 COMENTÁRIOS
* Prêmio Livro do Ano 2004 - entregue pela Associação Gaúcha de Escritores
* Finalista do Prêmio Açorianos de Literatura
Livro de estréia de Kledir Ramil é uma das surpresas mais sedutoras do ano - Cantor e compositor gaúcho escreve crônicas de deixar o queixo caído. Márcio Vassallo, jornal O GLOBO

Prosa afinada - Kledir descreve histórias do cotidiano com um texto solar e bem-humorado. Eduardo Marini, Revista Istoé

O homem é um tremendo cronista, uma verdadeira revelação (...) um enorme talento. É tanto talento que a gente até se sente na obrigação de reclamar: precisava ser tão talentoso assim, esse cara? (...) São notáveis, estas crônicas. Elas nos fazem ver o mundo com outros olhos. Moacyr Scliar, escritor
Kledir Ramil passou a escrever crônicas que fazem parecer que ele nunca foi outra coisa na vida a não ser escritor. (...) Um humor que poderíamos rotular como "escracho refinadíssimo" - o homem é chique. (...) Da categoria dos livros universais. Martha Medeiros, escritora, jornal Zero Hora

Kledir Ramil, lança "Tipo Assim", livro que reúne textos divertidíssimos. (...) Kledir é talentoso e modesto. Eusébio Galvão, jornal O Dia

Você não pode perder! Kledir é um tremendo poeta. Se você já é fã dele, vai ficar mais ainda, lendo esse livro. Faustão, apresentador, TV Globo

Livro de Kledir traz humor bem afinado. Cronista dos bons, cantor brinca com tudo. Donizeti Costa, jornal Diário de São Paulo

Um contador de histórias permeadas de fantasias (...) Leveza e humor são as marcas de Kledir. Janaina Cunha Melo, jornal Estado de Minas


UM BREVE CURRÍCULO - trecho do livro

Kledir Ramil - um dos maiores cantores da história da Música Popular Brasileira, com 1 metro e 80 de altura.Foi figura de destaque no antológico carnaval de Pelotas, onde chegou ao título de Princesa de Bloco Burlesco.Forma com seu irmão, desde o século passado, a dupla Kleiton & Kledir, “famosa em várias partes do mundo, todas elas no Brasil”.Nos anos 60, participou ativamente dos movimentos da Bossa Nova, Jovem Guarda e Tropicália, sempre como ouvinte.Nos anos 70 experimentou drogas (a pior foi o coentro), época em que também fumou, mas não tragou. Hoje em dia é dependente químico de Ilex Paraguariensis, conhecida popularmente pelo nome de “erva mate”.Nos anos 80 esteve por trás do lançamento do novo rock brasileiro participando da Blitz, Legião Urbana, Paralamas e Kid Abelha, na função de namorado da produtora.

É alérgico a poeira, ácaros e campainha de celular.Primo irmão de Cameron Diaz, pretende viajar em breve para Los Angeles com a intenção de aproximar os laços familiares e atualizar a árvore genealógica.Teve um intenso caso de amor com a atriz Greta Garbo, mas foi tão discreto que nem ela ficou sabendo.Nunca viu duendes. Não bebe, não fuma e não cobiça a mulher do próximo. É vegetariano radical e ativista. Naturalista, naturista e natureba. Aquário com ascendente Câncer. Sangue B positivo com altos índices de testosterona. É um escritor de enorme talento, mas atualmente abandonou a literatura para se dedicar à culinária. Só escreve abobrinhas.


LITERATURA DE OUVIDO - entrevista concedida ao escritor e jornalista Márcio Vassallo
O compositor Kledir Ramil diz que escreve o que escuta e estréia na literatura com um livro de crônicas genial

Como é o seu processo de criação?

Eu ouço vozes. Não é que eu sofra de delírios mentais, mas tenho um ouvido interno que reproduz diálogos guardados na memória. São lembranças de histórias e conversas que vão surgindo na hora em que sento para escrever.
Minha referência sempre foi a sonoridade das palavras. Eu leio escutando o som das frases dentro da cabeça. E como tenho uma formação popular, não acadêmica, para mim o que soa natural, funciona bem. É preciso que a melodia das palavras encadeadas umas nas outras seja agradável.

Você diz que “a escolha certa das palavras é uma arte”. Qual o grande desafio dessa arte?


Contar histórias com precisão, sem perder em beleza.

Será que a incerteza é importante para quem cata as palavras certas?


Se você quer a palavra exata, tem que garimpar, comparar sinônimos, estudar os significados. Eu adoro ler dicionários. Mas o processo não é simplesmente racional, é preciso deixar a coisa fluir, sair escrevendo sem censura. Nesse sentido não existe certeza de nada e muitas vezes a palavra certa é que encontra o escritor. Desde que ele esteja disponível.

Estar disponível para as palavras também é uma arte?

Talvez seja um estado de espírito, que envolva um sentimento determinado. É preciso gostar das palavras para que elas se sintam à vontade conosco.

E como é a sua disponibilidade para o silêncio?
Érico Veríssimo escrevia escutando música. Eu jamais conseguiria, não tenho essa capacidade. Preciso de silêncio para conseguir escrever sem perder a concentração. Dou muita importância a essa questão e costumo cultivar o silêncio com atenção. No zen budismo se diz que o “nada é a potência do tudo e o tudo é a potência do nada”. Ou seja, na folha de papel em branco, pode-se desenhar qualquer coisa. Em uma folha já usada, não se pode fazer mais nada. Por isso a arte zen respeita tanto o espaço em branco, o silêncio na música. Pratico yoga e meditação há 36 anos. Aprendi a valorizar o pote vazio, mas também aprendi que é preciso ousar colocar alguma coisa ali dentro, afinal ele foi feito para isso.

O que você aprecia em literatura?
Sou um leitor sem critérios. Não tenho uma formação sólida de leitura, nem tampouco lógica. Gosto de Quintana, Bandeira e Barão de Itararé. Machado de Assis, Nabokov, Dashiell Hammett, Jorge Luis Borges e James Joyce. Alice, de Lewis Carroll. As mil e uma noites. O Pantaleón, de Vargas Llosa. O Tenente Quetange, de Tyniánov. O Verissimo pai, o Verissimo filho e se houvesse um Verissimo Espirito Santo eu seria discípulo. O João Simões Lopes Neto, o Caio Fernando Abreu, o Torero e o Moacyr Scliar. Ah, e quando crescer quero ser o Vinícius de Moraes.

O que mais provoca na gente essa correria dos tempos modernos, que você chama de “síndrome da esteira rolante – corre, corre e não sai do lugar”?

Acho que é a falta de consciência. A maioria acompanha o ritmo acelerado do nosso tempo sem muita reflexão, como se o fato de estar em sintonia com determinadas tendências justificasse a própria existência. Woody Allen tem uma frase em que diz: “Nós somos as nossas escolhas”. Se você não sabe o que quer, vai ficar a vida inteira copiando os outros. Correndo, correndo, sem chegar a lugar nenhum. Quando meus filhos eram pequenos eu sempre dizia: o mais importante não é aprender a caminhar, mas saber em que direção se deve ir. Claro que era uma brincadeira, mas no fundo espero que alguma coisa tenha ficado no subconsciente deles.

De que forma a vida faz mais sentido para você? 

Sou um cara de princípios. Meditei sobre muita coisa, fiz as minhas escolhas e coloquei em prática. Se alguma coisa sair errado, assumo todas as responsabilidades. À medida em que tomei as rédeas da minha vida, ela começou a fazer sentido para mim.

Um comentário:

  1. visetem a comunidade TIPO ASSIM!

    AINDA ESTAMOS ATUALIZANDO ok tipo assim...

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