Se o seu filho ler o “O caçador de pandorgas”, quer dizer, “de pipas”, e perguntar se você sabe fazer um negócio daqueles, diga que sim. Um pai nunca deve decepcionar um filho. A coisa é muito simples. Pegue uma folha de papel celofane... Ou será papel de seda? Tanto faz, o importante é que seja um papel bem colorido.
Pra fazer a armação você precisa de um pedaço de taquara. O quê? Não existe mais taquara? Como assim? No Japão, eu sei que tem. Faça o seguinte, convide sua mulher pra jantar num restaurante japonês. Assim que o garçom vier com o cardápio, pergunte onde fica o jardim zen. Deixe sua mulher escolhendo o sushi-sashimi, vá até o jardim, passe a mão no bambuzal do japa e saia correndo porta afora. A sua mulher? Ela que se vire. Você tem uma missão a cumprir, não tem tempo pra se preocupar com isso.
Chegando em casa, pegue uma faca na cozinha e corte as taquaras no sentido longitudinal, pra fazer varetas. Com duas dessas varetas, você forma uma cruz que servirá de base para a pandorga. Aí você vai precisar de um rolo de barbante, pra amarrar a estrutura. Vá até o armazém da esquina... o quê? Não tem mais armazém na esquina? Pelo amor de Deus... então vá até o shopping, correndo. Aproveite e compre um vidro de goma arábica. Vai me dizer que você não sabe o que é goma arábica? Pergunte no balcão de informações... Não, não vai dar certo. Se a guria do atendimento tiver menos de 50 anos de idade, vai pensar que é um doce e indicar o restaurante Árabe. Esqueça, compre um tubo de cola qualquer. Só não use Super Bonder, senão você vai ficar com os dedos grudados na pandorga pro resto da vida.
Voltando pra casa, você vai precisar de pano pra rabiola. Depois eu explico o que é. Abra o armário da sua mulher, pegue uns 3 vestidos e corte umas tiras de tecido. Dê um nó na ponta das tiras, ligando uma na outra, de maneira a formar uma longa cauda. Bem colorida, pra fazer bonito no céu.
Caso você chegue a esse estágio sem ter conseguido avançar muito, com os dedos grudados de cola e com a paciência esgotada, faça o seguinte. Entre na internet, procure uma loja que venda pandorga pronta e encomende. Em poucos dias chega na sua casa uma dessas modernas, em forma de águia, com tecido impermeável e varetas de plástico. Uma maravilha da tecnologia que você vai poder dar de presente pro seu filho e mandar ele parar de incomodar. Se o guri continuar insistindo, dê um Play Station pra ele.
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Oi meu querido colega de básico da UFRGS, pandorga, armazém da esquina,taquara e guria são coisas que só gaucho entende... Tô adorando teu blog. Vou te seguir...
ResponderExcluirJá soltei uma gargalhada no "Caçador de Pandorgas" e não parei mais.
ResponderExcluirEssas coisas ainda existem sim, só mudou de significado. A taquara por exemplo é o bebê da minha vizinha, é taquara o dia todo e ainda rachada. Armazém da esquina pelo menos aqui, é um lugar de um programa de televisão onde as crianças compram pirilutos gigantescos e sanduíche de presunto. Pandorga aqui é pipa mesmo, ah gaúcho gosta de inventar hehe (adoro).
A única lembrança que tenho das pandorgas, foi uma uma que meu avô fez. Esse negócio de goma arábica é muito gran fino, ele fez com cola de farinha de trigo. Ficou bem grande e colorida, era uma bandeira do Brasil e não conseguiu sair do chão. Lógico que era para o meu irmão, menina não pode brincar com coisas legais.
Adorei a crônica, foi bem simples e a mais engraçada.
Beijos!
Aline Mariano
Olá, Marcello Mastroiani!
ResponderExcluirNa minha praia (um paraíso perdido no sul) ainda tem taquara e armazém da esquina e, até por isso, não conto para ninguém onde fica. Se descobrirem podem querer construir um shopping, essa não!
Adorei e vou te seguindo!
Saudade e grande beijo
Marta Boeck
Ai,Kledir.. Cortar vestido para fazer a rabiola? Só se marido e filhos perderam o medo da morte!!! Tiras de jornal ou de papel de seda em elos encadeados são menos arriscados!!! Agora o momento de fã: adorei o blog à primeira lida assim como a sua música ouvida pela primeira vez no festival de 79! Grande beijo!
ResponderExcluirTenho menos de 50 anos, mas conheço td isto sim. Aqui em SP ninguém diz pandorga,só pipa, mas aprendi o que era em um texto que dei para os meus alunos, que por acaso, era de um escritor gaúcho. Tive que procurar no dicionário o significado de várias palavras, inclusive pandorga. Qdo criança, chamávamos a pipa, de papagaio ou quadrado tb.
ResponderExcluirGoma arábica conheci qdo era bem criança, mas era algo difícil de encontrar, usávamos cola Tenaz mesmo. Ah, uma vez, ao tentar encher um álbum de figurinhas e gastar muita cola, minha mãe me ensinou fazer uma goma com farinha de trigo (como a Aline)pra economizar.A rabiola era feita com papel.
Armazém até existia no bairro onde eu morava, mas chamávamos de venda...
Adorei seu texto.
Kledir! engraçado como sempre né AHAHA, adorei *-* quando esses guris vem pra Curitiba? Eu e minha mae, Sandra, tamos morrendo de saudades! Venham logo! beeeeeijos ♥
ResponderExcluirMorri rindo! HAHAHAHA Putz, mesmo sendo guria, lembro da minha infância, (tentando)confeccionar pandorgas, e mais ainda, tentando fazê-las voar. Nunca consegui, confesso. Mas acho que o que mais me divertia não era a expectativa pra ver aquele losango colorido riscar o céu, mas as horas de convívio com meu avô, eterno companheiro pra todos os meus caprichos de única neta.
ResponderExcluirGoma arábica, confesso que não sabia o que era; Armazém da esquina (ou venda, boteco, enfins..), cheguei a conhecer, inclusive há um a "duas esquinas" de casa. Quanto a recortar os vestidos da mulher...imaginei a cena e dei gaitadas de tanto rir.
Não conhecia o blog, mas gostei bastante do conteúdo. Vez ou outra virei aqui dar pitacos, ok. (:
Beso,
K.
Merece!
ResponderExcluirhttp://pautacifrada.blogspot.com/2009/06/pelotense-carioca.html
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMas bah! Tri legal isso de Pandorgas. Soltei muitas e fiz muitas. Até hoje lá em Livramento, provavelmente não deves conhecer, era nosso divertimento há uns poucos aninhos atrás. Hoje levo minha filha para vê-las remontadas já. Parece uma arte arcaica, nossa...
ResponderExcluirAh...A cauda, além de fazer bonito ajudava a voar mais alto. Só tinha um probleminha que sempre me deixava com um nó no estômago...o medo de tantas pandorgas voando se darem nós entre elas, pode? Pois é...
Mas era uma emoção inigualável!!
Abração de uma fã!
Rindo, rindo, rindo, rindo......
ResponderExcluirTânia
Olha só, enquanto lia seu texto, que adorei, lembrei-me do livro, tranformado em filme "O Caçador de Pipas".É sobre ele que você se referia? Pois é, este filme é um dos maiores sucessos da literatura mundial. Conta a história da amizade de Amir e Hassan. Dois meninos quase da mesma idade que vivem vidas diferentes no Afeganistão da década de 70. Amir é rico,covarde e sempre em busca da aprovação do pai. Hassan, que não sabe ler nem escrever, é conhecido por sua coragem e bondade. Ambos, são loucos por histórias antigas de guerreiros, filmes de caubói americano e de pipas. É justamente durante um campeonato de pipas, no inverno de 1975, que Hassan dá a Amir a oportunidade de ser um grande homem, mas ele não percebe. Após deixar passar esta oportunidade, Amir vai para os Estados Unidos, fugindo da invasão soviética do Afeganistão, mas vinte anos depois Hassan e a pipa azul o fazem voltar a sua terra natal para acertar contas com o passado. Vale a pena ver! Ah, com relação ao super bonder, é fácil tirar com água morna.
ResponderExcluirAbraços,
Marcinha
OLA AMIGOS GOSTEI MUITO DO BLOG. SE VOÇES GOSTAM DE COISAS ESTRANHAS CREIO QUE NAO TENHAM VISTO NADA IGUAL EM MATERIA DE PIPAS VISITE E VEJA http://www.horizonexpress.com.br/lazersite/lazer.html ABRAÇO DO PEDRO PARA TODOS.
ResponderExcluireu sei fazer pandorga....meu nome é Eduardo e tbm tenho blog. acessibilidade eu faço parte.....meu blog......
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