O mundo anda cada vez mais acelerado, em todos os sentidos. Entretanto a Fórmula 1, de quem se esperava exatamente isso, resolveu dar marcha ré. Explico.
O circo da Fórmula 1 sempre foi o ponta de lança das novidades tecnológicas. Todas essas maravilhas que você tem em seu carro de passeio, como controle de tração, freio ABS, motor turbo e tudo mais, foram desenvolvidas nas pistas antes de chegar aos carros de rua. A tecnologia vem avançando a passos larguíssimos, atropelando que não consegue acompanhar seu ritmo. Nas corridas, ouve um momento em que o pessoal dos boxes decidia o giro do motor, o ponto de freada, a quantidade de combustível na mistura, enfim, pilotava o carro a distância, como se fosse alguém brincando de carrinho com um joystick na mão. A tecnologia foi tão longe que passou a ser mais importante do que o piloto. Se chegou a um ponto em que até a minha mãe venceria um Grande Prêmio, se estivesse sentada no cockpit do melhor carro. Era uma competição de engenheiros, não de pilotos. As ultrapassagens praticamente não aconteciam mais. A competição perdeu em emoção, ficaram monótonas, parecia uma procissão de carrinhos coloridos. E o público foi diminuindo e o faturamento foi caindo. Aí, acendeu o sinal vermelho. Não o de largada, mas o de alerta do pessoal da contabilidade.
Foi a gota dágua. Ou de óleo, se você preferir. A FIA e a FOA começaram a promover mudanças que pudessem devolver à Fórmula 1 a emoção do tempo em que vencia quem tinha mais braço. Tempo de pura adrenalina com pilotos como Fangio, Jim Clark, Emerson, Steward, Piquet, Senna, Prost e tantos outros grandes. Resolveram então estabelecer regras que limitassem o uso da tecnologia, ou seja, começaram a andar pra trás.
A cada ano que entra, as equipes têm que adaptar todo o seu potencial criativo aos interesses comerciais da categoria. Dentre os artifícios criados esse ano para tentar diminuir a hegemonia das melhores máquinas, estão pneus que duram menos, para fazer os carros derraparem nas curvas e a asa móvel traseira, que dá um plus de velocidade na reta, mas só pode ser usada pelo carro que quer ultrapassar. O piloto que vem na frente não pode se defender com a mesma arma. Resumindo, inventaram a ultrapassagem fake.
O pior é que nada disso adiantou. O que se viu na primeira corrida do ano, no circuito de Melbourne, na Austrália, foi uma chatice. Espero que as próximas corridas tragam um pouco de emoção, senão, posso garantir desde já que o alemão Sebastian Vettel será bicampeão. Até minha mãe seria.
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