Nunca fui um bom atleta. Culpa daquela minha professora de piano que, no primeiro dia de aula, me proibiu de jogar vôlei, basquete e, por via das dúvidas, futebol. “Esportes primitivos”, segundo a avaliação dela. Eu só tinha permissão para jogar xadrez. Os conceitos radicais dessa professora terminaram por me afastar do ambiente esportivo e fez o Brasil perder um atleta de talento. Hipoteticamente falando.
Eu hoje poderia estar numa Olimpíada. Não competindo, pois não tenho mais idade pra isso, mas talvez como comentarista de TV ou, pelo menos, ajudando a carregar a tocha. A não ser que o COI resolva promover a Olimpíada da terceira idade. Tenho condições etárias de jogar na equipe mirim de futebol de idosos, a seleção sub-60.
Na época da adolescência, como reação à impossibilidade de brilhar nas quadras e nas pistas, e decepcionado com as rigorosas aulas de piano, me refugiei atrás do violão. O que desenvolveu em mim uma musculatura especial. Nas mãos. Tenho dedos finos, ágeis, velozes, cheios de destreza. Como não encontrei nenhum esporte onde pudesse usar tanta habilidade - fora bolinha de gude - coloquei tudo isso a serviço de uma boa causa: a música popular. Mais recentemente, acrescentei ao uso do teclado do computador algumas técnicas aprendidas naquelas aulas de piano e enveredei pela literatura.
Ao longo da minha vida, conquistei várias medalhas e troféus, sempre em concursos de música ou literatura. Festival de música é uma competição esquisita, onde se escolhe a melhor canção. Como isso é uma questão de gosto, e gosto é relativo, sempre sai um resultado questionável. Por isso, muitas vezes se ouve a gritaria de “marmelada”. Nas competições esportivas é simples saber quem leva o ouro, a prata e o bronze. É fácil medir quem chega na frente. Metros, centímetros, minutos, segundos ou quantidade de gols. Em arte, a coisa é subjetiva. Ou seja, pode ser marmelada.
Ainda tenho esperança de um dia receber um troféu indiscutível, desses que se consegue nas competições esportivas. Por isso, comecei a fazer exercícios físicos, no aguardo da confirmação da Olimpíada da terceira idade.
Mesmo assim, pra não pagar mico, vou procurar me inscrever em uma modalidade que não chame muito a atenção do público e da mídia, como badminton ou softbol.
Ou, quem sabe, bolinha de gude.
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Os piores professores são aqueles que chamam atenção dos alunos só para aquilo que acham relevantes. Esses não são verdadeiros professores.
ResponderExcluirOs piores são os de matemática que já ficam pisando no calo de crianças pequenas só para se sentirem mais inteligentes. Como Einstein que provou tudo é relativo, ele que foi considerado medíocre em matemática, e realmente nunca foi seu forte e esta é uma ferramenta poderosa para as demonstrações físicas, assim consultava os mesmos depois de ter se separado. Pausteur também considerado abaixo da média em química e descobriu tantas coisas. Oswaldo Cruz foi perseguido e motivo de piadas nos jornais. Quando o Rio de Janeiro enfrentou uma grande crise pela contaminação de água, o presidente da república a pedido do governador escreveu pedindo ajuda aos cientistas do Instituto Pasteur em Paris. Os mesmos responderam que o melhor cientista nessa área era o brasileiro Oswaldo Cruz. A história é longa mas uma carta foi escrita para ele onde toda comunidade científica, tirando o Chagas lhe pedia desculpas. Com essa sua altura poderia ter sido sim um grande atleta, mas creio que foi destinado a ser bom em qualquer coisa que fizesse. Homem de sorte.
Seus pais procuraram desenvolver todas as suas múltiplas inteligências. Muito nobre da parte deles.
Abraços
Su