Se você é daqueles que entra no carro, gira a chave e acha que uma força sobrenatural move o veículo, lamento informar-lhe, não existe mágica. O giro da chave aciona um motorzinho elétrico que dá partida ao motorzão, uma máquina extremamente complexa e sofisticada, mas que ainda utiliza o mesmo velho princípio, desde que foi inventada, há mais de um século.
Vou tentar explicar. O coração do seu automóvel chama-se motor à combustão interna. Esse mastodonte é um bicho que aspira ar e gasolina, joga essa mistura dentro de um cilindro e comprime com um pistão. A mistura, em alta pressão, recebe uma faísca que provoca uma explosão, forçando o pistão a um movimento no sentido contrário. O princípio básico é esse. Apaixonados por mecânica, como eu, conseguem até ver poesia no sincronismo dessa coreografia de válvulas, pistões e virabrequim.
O motor de combustão interna foi inventado pelo alemão Nikolaus Otto, em mil oitocentos e lá vai pedrada. É uma máquina obsoleta. Se alimenta de petróleo, polui a atmosfera e, pasmem, chega a gastar 80% da energia que produz, só para consumo interno. Isso mesmo, o atrito é tão grande, gera tanto calor, que sobra pouca energia pra prestar algum serviço, como movimentar um carro, por exemplo. Ao contrário do motor elétrico, que tem um aproveitamento muitas vezes melhor.
Ou seja, o motor do Otto é uma máquina que gasta quase tudo o que produz só para conseguir se manter funcionando. São os mesmos sintomas de uma patologia que se observa na máquina administrativa de certos governos e também na vida de muita gente. Será que estamos vivendo só pra pagar as contas, pra conseguir chegar até o fim do mês? Não sobra nada? Será que a gente trabalha só pra sobreviver, pra conseguir se manter em pé? Se é assim, em que momento a gente vive? John Lennon dizia que “a vida é o que acontece enquanto você está ocupado fazendo planos para o futuro”. Quando a gente se dá conta, já foi, passou. Mario Quintana escreveu: “A vida são deveres, que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê, passaram-se 50 anos!”.
Onde foi que se gastou tanta energia? Com que finalidade? Acho que vou repensar o modelo. Vou tentar evoluir para um sistema de vida inspirado no motor elétrico.
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É verdade, da vontade de chorar ou virar hippie. Mas tudo pode mudar. Como dizem, "a esperança é a última que morre" ou então foi cancelada por falta de pagamento.
ResponderExcluirBeijos,
Aline
Kledir,
ResponderExcluirJá vi que não perdeste os fundamentos de engenheiro, rs. Faço coro contigo (nada mais adequado a um amigo musical como vc) na critica a essas máquinas do inferno.
E digo mais... na raiz disso tudo ainda está o FOGO. Ainda não saímos da Idade do Fogo.
Motores "a combustão"... armas "de fogo"... lampada "incandescente"...
Sem falar na dominação via guerra... é fogo puro.
Já é hora de sairmos da Idade do Fogo, e usar os elétrons, que podem ser muito limpos (desde que não sejam gerados a partir do FOGO). Aquecer a água direto com a energia do sol.
No futuro, o fogo deve ser restrito aos rituais religiosos, e é claro, o chimarrão e o churrasco.
Ainda assim, proponho o chimarrão aquecido com a energia do sol. Porque não?
Abração,
Rubin Diehl
É meu caro...sua preocupação é realmente séria. Vivemos na era da informática,às portas do 3º milênio, com acesso a toda e qualquer informação e nao conseguimos encontrar soluções para problemas tão antigos. Tudo isso mencionado por você é um problema P O L Í T I C O. E há gente que fala que "não gosto de política e não me importo com ela". Como não se preocupar com algo que é determinante no preço do pão nosso de cada dia. Trabalhamos tanto para deixar mais da metade para quem nada fez. Além disso, temos o problema do acesso a informação. A Internet nos traz tantas coisas boas, mas também, se não cuidarmos...A energia de muita gente está sendo disperdiçada em tantas informações desnecessárias. Não é? Olha só,como tudo na vida, direcionar nossa energia, em uma única situação ou preocupação traz muitos problemas. É impossível acompanhar a tudo! O que podemos fazer é nos informar com relação àquilo que é interessante para nós.
ResponderExcluirPenso que é necessário sabermos o que é importante para nós. Elegermos as áreas que nos agradam ou são fundamentais para a nossa vida. E só assim, focar nesses temas sem se tornar alienado.
Precisamos não esquecer de outros acontecimentos importantes, como as notícias do bairro e da cidade onde vivemos.
O processo de memória de nosso cérebro está em contato com muitas informações, mas só guarda, por algum tempo, o que é indispensável e marcante, como momentos afetivos (como paixão ou trauma). Com o fim de guardar novos dados, o cérebro faz uma seleção, dispensando informações antigas e que não possui mais sentido para nós. Por isso, não recordamos de tudo que aconteceu na vida com detalhes, mas sim de momentos mais importantes para a nossa identidade.
Caso nosso cérebro só guardasse informações novas sem critério e não se desfizesse de nada,acredito que talvez enlouqueceríamos.
Acredito, então, que o melhor caminho é o equilíbrio (o caminho do meio). Observar atentamente o que existe e se passa dentro de nós. E, assim, eleger as informações que nos causa prazer, o que é necessário para nossa vida familiar, social e de trabalho. Só assim, conseguiremos conviver num mundo em constante transformação. Ah, não podemos nos esquecer de que é importante não perdermos a nós mesmos, o contato com a natureza, e estar em silêncio, etc.
Seja feliz!