Ascensorista – da série Profissões

Ascensorista é a pior profissão do mundo. O cara fica trancado o dia inteiro dentro de uma caixa, apertando botões, respondendo as mesmas perguntas e escutando papo furado de gente no celular. Uma das poucas vantagens é poder fazer palavras cruzadas no trabalho, passatempo que só serve pra isso mesmo, passar o tempo. Como dizia Bernard Shaw, “palavras cruzadas é um ótimo exercício pra quem quer fazer palavras cruzadas”.
É uma profissão que está acabando, pois os elevadores estão cada vez mais automáticos. Vamos perder em charme, mas ganhar em espaço. Já existe elevadores que falam. Anunciam o andar, desejam bom dia e mandam abraços para a família. Com uma voz sensual, igual àquela do aeroporto.
Ninguém precisa de um ascensorista para subir, é só apertar o número do andar. A não ser que seja um elevador daqueles de porta pantográfica, equipamento obsoleto e em geral com muitos anos de uso. Nesses casos, eu costumo recomendar que a pessoa vá pela escada.
Por outro lado, na hora de descer um ascensorista é fundamental. Ninguém sabe onde fica o botão do térreo. É uma sopa de letrinhas. Em vez de usarem T como padrão, não, gostam de inventar. Tem L de Lobby, R de Recepção, H de Hall, P de Piso. Outro dia, entrei num elevador que usava a letra A. “A de quê?”, perguntei. “De Acesso”. Só descobri depois que desci no S, que eu pensei que era de Saguão, mas era de Sobreloja.
Loja de departamentos é uma desgraça. O elevador pára em todos os andares. “Primeiro andar: artigos esportivos, calçados masculinos. Segundo andar: moda feminina, não deixe de conhecer a nossa coleção outono/inverno. Terceiro andar: lingeries, cosméticos e perfumaria... Se você precisa chegar até a cobertura está ferrado.
Ascensorista boa praça é uma alegria de ver, um exemplo de vida. Um sujeito que é capaz de manter o bom humor, com um sorriso no rosto, apesar de repetir o dia inteiro os mesmo gestos e frases. Literalmente falando, é uma profissão em que o sujeito não vai pra frente. Você pode argumentar que ele consegue subir rapidamente, mas a contrapartida é imediata. O cara termina o dia, o mês e a vida no mesmo lugar de onde saiu. O chão. E, ironia do destino, depois de passar a vida inteira trancado numa caixa, quando chega sua hora, o ascensorista sai dali direto pra outra caixa. Com a vantagem que não tem botão e ninguém pra encher o saco.

Um comentário:

  1. Hahahahahaha!!!! Kledir, Já que estou só por aqui sozinha, vou falar...

    É meu caro, realmente é engraçado. Mas, será que é engraçado para quem exerce a atividade ou para seus familiares? É daí que sai o sustento da família, para não morrer de inanição. Na verdade, é melhor esta ou aquela profissão do que nada. Existem atualmente milhares de profissões, uma mais idiota, constrangedora, vergonhosa, humilhante que a outra. Mas alguém precisa fazer, não é?

    Olha só, imagine a situação do empacotador de salsicha. Hoje em dia até pode ser feito por máquina, mas ainda existem muitas empresas que possuem funcionários só pra isso. Imagine você dizendo que “sou empacotador de salsicha”.

    Imagine, ainda, o costureiro de linguiça. É aquele que enrola o cordão que vem grudado na lingüiça. Você sabe.

    E o instrutor de homem-bomba. Ensinam a melhor maneira de se explodir. Pode?

    E o auxiliar de necropsia, aquele que lava cadáver todos os dias. Falando nisso, sabe o significado da palavra cadáver? É carne dada aos vermes. “Ca- da – ver”. (aprendi isso nas aulas de medicina legal)

    E o seringueiro? O nome é simples e nada comprometedor. Até descobrir o que ele faz. Cara, ele tira leite do pau! Eu sei que até parece malícia, mas é sério. O seringueiro extrai "leite" do tronco da árvore. É o látex, aquele gosmento e grudento líquido branco. Líquido tão importante para a vida das pessoas. Daí vem a borracha, que é a matéria prima para tantos objetos e materiais que utilizamos todos os dias.

    E claro, falando em seringueiro, em não morrer por inanição, ter ou não ter profissão, que mais uma vez tomo a liberdade para falar sobre algo que me toca. As eleições estão aí e quero de verdade dar a minha parcela de contribuição. Sei que não perguntou, mas meu voto é da MARINA e vou dizer a razão. Ela saiu da zona de conforto e foi à luta. Não ficou na “caixa” a vida toda. Você sabe e eu sei que quando a cesta básica aumenta, quando o transporte aumenta, quando a fome aumenta, quando vemos seres humanos morando na rua, quando não temos atendimento médico e vemos pessoas amadas morrerem em filas de hospitais, quando crescem crianças e se tornam adultas sem saber ler e escrever, quando gente assassina gente... e por aí vai, a questão é política. Os cidadãos não se interessam pela política e ela também não se preocupa com os cidadãos. Penso que aqueles que mais precisam dela nem sabem da sua existência. Como gerar interesse pela questão política nessas pessoas, que vivem abaixo da linha de miséria se a preocupação é com o que comer? Apesar disso, eu ainda não perdi a fé no ser humano. Acredito que existam pessoas de bem, com ideais e vontade de mudar. Por isso, minha candidata é MARINA (Maria Osmarina Silva de Lima). Alfabetizou-se aos 16 anos de idade. Formou-se em história aos 26 anos. Possui quatro filhos e uma história de sobrevivência, força, humildade, e muito amor e vontade de ajudar o próximo. É inteligente, fala bem, age de acordo com o que acredita e tem muita experiência, haja vista, os diversos cargos públicos que exerceu. Foi vice-coordenadora da CUT, vereadora, deputada estadual, senadora e Ministra do meio ambiente. A atuação de Marina pela preservação do meio ambiente lhe rendeu reconhecimento internacional, vindo a receber vários prêmios, sendo que o jornal britânico “The Guardian” apontou a ex-ministra como uma das 50 pessoas que podem ajudar a salvar o mundo. Além de tudo isso, não se deixou deslumbrar pelo poder.

    Abraços,

    Marcinha

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