O dedão opositor

Tô ficando velho. A mais nova mania é escrever mensagens no celular com o dedão. Eu sou do tempo da datilografia, quando uma das principais virtudes do ser humano era saber usar a máquina de escrever com os dez dedos. Máquina de escrever era uma espécie de computador que vai imprimindo enquanto você digita. Sem a possibilidade de “delete”. Se você errasse uma letra, teria que disfarçar com um negócio chamado corretivo - tipo um esmalte branco de unhas - e esperar secar. Ao mesmo tempo, essa máquina hoje considerada obsoleta, tinha a grande vantagem de poder funcionar sem energia. Quer dizer, sem energia elétrica, porque a quantidade de calorias necessárias para escrever uma página datilografada era enorme. Há uma teoria que associa esse esforço físico ao perfil esbelto das secretárias da época. Não sei.
Naquele tempo, a técnica de usar apenas um ou dois dedos para escrever era conhecida como “catar milho”. Hoje, com os BlackBerrys e os iPhones a gurizada escreve o dia inteiro apenas com o dedão. Alguma coisa está mudando radicalmente. O mundo que eles estão construindo vai ser muito diferente do nosso. O que, confesso, me dá alguma esperança. Só não consigo entender como vai ser melhor se usam apenas um dedo, quando poderiam estar usando dez.
É bem verdade que o dedão é um dedo especial, é o nosso polegar opositor. É o principal órgão do corpo humano, depois do órgão sexual. É por causa dele que o mundo é mundo. Toda a história da humanidade é uma conseqüência desse pequeno detalhe anatômico, um dedo opositor, que nos permite agarrar as coisas, seja um copo ou a mulher amada. E isso fez toda a diferença. O homem começou a construir ferramentas, objetos, máquinas e blackberrys.
Com a retomada da valorização do nosso dedo histórico, essa nova geração talvez consiga fazer o que não conseguimos com o democrático uso dos dez dedos. Vamos ver. Eu sei que certos dedos não servem pra quase nada e acabam sendo menosprezados. O mindinho, por exemplo. Fica ali pendurado, esperando alguma chance de mostrar serviço. Acontece que, mesmo que seja um trabalho menor, ele precisa ser reconhecido, é uma questão de autoestima.
Toda essa celebração da supremacia de um dedo em detrimento dos outros companheiros me deixa preocupado, pois nem tudo pode ser feito só com o polegar. Essa gurizada vai ter que concordar comigo pelo menos em uma coisa: não dá pra tirar meleca do nariz com o dedão.

5 comentários:

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  2. Eu dei muita risada e fui logo pegar meu celular que não é Blackberry, pra ver como eu escrevia os sms's...e escrevo com os dedões! o.O Graças à Deus não dá pra colocar o dedão no nariz porque o indicador que pode ser "de sujeira" já é o fim, que dira o dedo do "positivo"? Ecaaaaaa

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  3. Tchê, meu blackberry é via dedão tambem...que coisa....não tinha me apegado nisso.
    A RIM (Research In Motion), fabricante do BB, deveria mudar para RID: Research In Dedão.

    Baitabraço guri.

    Filippe (Criciúma, SC)

    Ps.: Estive semanas atrás conhecendo tua cidade....passei no guarani, 7 de abril, boca do lobo....nao deu tempo de ir no aquário´s.
    Cidade muito bacana...gostei.

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  4. Olá! Te encontrei no blog do amigo Roberto (primeira pessoa), que está dando um tempo no blog. Adorei o que escreveu...é engraçado como pessoas distantes fazem a mesma coisa! Não que eu o faça, rsrs...mas conheço algumas!! Mas tenha certeza que os dez dedos são muito bem usados, principalmente em um bom abraço!
    Adorei passar por aqui!!
    Estou te seguindo
    Abraços
    Lhú Weiss

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  5. Mas tu esqueceu como o mindinho é importante na hora daquela coceira no ouvido???? Bah, tchê!!!!!!!! Hehehe, pior que a máquina de escrever era o curso de datilografia, com um professor que contava as "tecladas por minuto", ninguém merece...
    Valeu pelas lembranças!!
    Abraços,
    Nine

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