Superstição

Eu não sou supersticioso, mas por via das dúvidas não passo debaixo de escada. A desculpa de sempre é que estou sendo prudente, para evitar que caia uma lata de tinta na minha cabeça. Outro dia, um gato preto cruzou na minha frente. Saí correndo feito um louco, dei meia volta no gato e descruzei o nó. Vai saber. Não dá pra dar sorte ao azar.
Essas bobagens são crendices populares que não atingem um sujeito racional como eu, com curso superior completo e capacidade de reflexão. Mas, como diz o ditado, “no creo en brujas, pero que las hay, las hay”.
Tem muito jogador de futebol que só entra em campo com o pé direito e fazendo o sinal da cruz. Criei o hábito de começar meu dia assim, saindo da cama como se estivesse pisando no gramado. Virou um costume. Um dia, só pra testar, levantei com o pé esquerdo e o Internacional perdeu um jogo decisivo. Talvez tenha sido só uma coincidência, mas me senti culpado.
Meu irmão me deu um trevo de quatro folhas. Dizem que dá sorte. Apesar de não entender porque uma aberração da natureza poderia dar sorte, guardei o presente no meio do livro da Martha Medeiros que estou lendo. Minha vida não teve maiores alterações, mas notei que o livro pulou para as primeiras posições na lista dos mais vendidos. Aproveitei e coloquei a plantinha, com toda sua força sobrenatural, dentro da minha carteira de dinheiro. Tenho esperança que a mágica funcione e, no futuro, eu possa até mesmo entrar para o mercado financeiro. Minha mão já começou a coçar.
Entusiasmado com uma possível maré de boa sorte, comprei uma ferradura e um chaveiro de pé de coelho. São amuletos que trazem saúde, paz e felicidade, além de dinheiro, que não é tão importante quanto uma vida saudável, mas é quem paga a fatura do seguro saúde. E, com certeza, vai melhorar o meu ranking de investimentos no mercado financeiro.
Mesmo que você não leve a sério tudo isso, não custa nada tomar cuidado. Aí vão algumas dicas. Não abrir guarda chuva dentro de casa, nem deixar sapato virado de boca pra baixo. Espelho quebrado, 7 anos de azar. Sexta feira 13, é melhor nem sair na rua. Tem certos dias em que os astros estão de mau humor. Não me pergunte porque.
Eu, sinceramente, não acredito em nada disso. Apenas respeito e, por via das dúvidas, bato na madeira três vezes pra garantir a proteção. Não dá pra brincar com essas coisas.

5 comentários:

  1. Pois é...tem um sobrenome aqui em Pelotas (o qual não me atrevo nem a escrever)que quando escapa da boca, corro pra bater 3 vezes na madeira. E se não encontro a tal madeira...ai! Que angústia!

    ResponderExcluir
  2. Não acredito em superstição. A ferradura não dá sorte para o cavalo e o pé de coelho nem se fala, coitado do bichinho. Agora o que eu acredito mesmo é que suprstição é uma palavra que dá azar para ela mesma. Ninguém pronuncia corretamente, é muito complicado.

    Beijos,
    Aline Mariano

    ResponderExcluir
  3. Espero que sua fé em Deus esteja acima de todas estas pequeníssimas crendices.
    Tive que iniciar meu blog todo de novo, gostaria de voltar a ver sua presença no meu novo blog. Agradeço a compreensão.Beijos!

    ResponderExcluir
  4. Kledir, não acredito que seja tão supersticioso. Adoro gato preto, gosto menos das princesas e sou mais chegadas nas bruxas dos contos infantis, elas são as mais engraçadas e no final, sabemos que tudo vai dar certo. Suponho também que na gravidez de sua esposa ela não tenha passado desejo por comer algo de forma nenhuma, já que você não iria gostar de uma filha com cara de rabanetes que originou a linda Rapunzel. Sem contar ainda das explicações altamente sugestiva que levaram os povos por muitos anos a não ofender os deuses. Esses hábitos podem levar ao TOC. Nada compensa mais do que viver com liberdade, porém, detesto chinelo virado até hoje.
    O que mais gosto no seu blog a diversidade de assuntos.
    Beijos
    Su

    ResponderExcluir