Uma das tradições da ceia de Natal é o peru assado
no forno. Pobre peru. Digo isso porque sou vegetariano e todos os anos tenho
que conviver com aquela cena triste de uma ave pelada, douradinha, com as patas
pra cima, numa bandeja decorada com frutas cristalizadas e fios de ovos.
Uma das brincadeiras do nosso Natal em família - que
se repete a cada ano - é a contribuição espontânea de elementos desajuizados,
metidos a artistas, que através de uma criação coletiva, transformam o peru de
Natal em uma obra de arte.
Em geral, começa com uma banana descascada, que
algum engraçadinho coloca entre as patas do pobre coitado, apontando pra cima.
Na sequência, os fios de ovos viram pêlos pubianos. Duas bolas da árvore de
Natal fazem as vezes de testículos. E por aí vai. Todo ano surgem novidades.
Ano passado, um mamão papaia entrou como cabeça do boneco, com duas cerejas no
lugar dos olhos, um ovo de codorna no nariz e uma fatia de pêssego em calda
sorrindo, como se fosse uma boca. Alfaces na cabeça imitavam cabelos verdes,
duas tampinhas de pote de yogurte serviam de orelhas e até mesmo um chapéu foi
improvisado, usando o meu boné da GAP, que alguém cortou com uma tesoura e
ficou por isso mesmo. Coisa de moleque.
Uma vez, em sinal de protesto, a ala feminista da
família criou uma perua de Natal, mas não teve a mesma graça. A não ser os
seios feitos de lâmpadas de 60 W, que ficaram tão engraçados que foram
aproveitados no ano seguinte para compor a mais extravagante das obras, um peru
transformista que misturava... bem, vocês sabem. Um pouco de tudo.
A cada ano a coisa se sofistica. Chegou ao requinte
de ter gente fazendo planejamento e chegando com penduricalhos e bijuterias. É
uma obra que se alinha a essa nova tendência das artes plásticas que cria peças
para serem devoradas depois de expostas. Tirando as bijuterias, é claro.
Nesta noite de Natal, não sei o que acontecerá.
Depois eu conto. Tenho um plano fantástico, mas pode haver reação. A idéia é
apresentar um manifesto contra a falta de respeito com os animais, vivos ou
mortos, racionais ou irracionais, bípedes ou quadrúpedes, aves, peixes ou
mamíferos. O pessoal não vai gostar. Vamos ver. Se eu não voltar a escrever
aqui nos próximos dias é porque fui agredido.
Hostilizado, mas com a bandeira na mão: “Não
maltrate os animais”.
Poxa, eu queria ver fotos destas "artes". Um feliz natal para você e sua família.
ResponderExcluirNão gosto mesmo de peru...rsrs...
ResponderExcluirPassei para deixar um abraço de fim de ano, feliz 2013 e desejo para mim ainda a visita de um ilustre amigo: você!
Feliz 2013 e vou continuar passando por aqui, fazer o quê, gosto do que escreve...
Abraços
Lhú Weiss
(quem sabe ainda consigo soltar fogos depois que você passar em meu blog...)
kkk, muito legal, como todos os seus textos.gosto muito de sua arte.
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