Relâmpago do Catatumbo

Outro dia escrevi aqui sobre minhas preocupações em relação ao planeta e recebi uma mensagem simpática e interessante do Prof. Millos Stringuini, biólogo e Doutor em Ciências do Meio Ambiente. Entre outros comentários, o professor me chamava a atenção para a importância do fitoplâncton, fonte primordial para a geração de oxigênio, nosso combustível fundamental. Se você ainda tem dúvida, faça um teste: tente ficar alguns minutos sem respirar. Por causa da poluição dos mares, “o fitoplâncton no planeta já diminuiu cerca de 40%. Isso é muito pior do que o desmatamento das florestas tropicais (...) é um criminoso desastre ambiental”. O assunto é sério.

As más notícias chegam de todo lado. Fiquei sabendo através de uma declaração da Nasa que a camada de gelo do ártico vai desaparecer em 2012. A previsão anterior era para daqui a 100 anos, o que me deixava um pouco menos preocupado, pois até lá alguém iria inventar uma máquina de fabricar gelo de calota polar. Essa notícia atropelou minhas expectativas, o gelo do norte vai sumir amanhã. Todo mundo sabe que o gelo quando derrete vira água e essa enxurrada vai parar em algum lugar. Vai acabar sobrando pra mim que estou aqui quieto no meu canto, tomando um mate na varanda, olhando o Oceano Atlântico que, como dizia Leonel Brizola com bom humor, “parece o pampa, só que afunda”.

Foi no meio dessas reflexões que ouvi falar então do Relámpago del Catatumbo, um fenômeno natural que acontece no sul do Lago Maracaibo, na Venezuela. Lá onde “a coluna vertebral da Cordilheira dos Andes abre o seu Brahma Rundra e revela em forma de descarga elétrica uma Flor de Lótus de mil pétalas, ajudando a iluminar as trevas da ignorância humana”. Para ficarmos no âmbito da poesia, a etnia Wari define o fenômeno como “milhões de pirilampos que todas as noites se reúnem para render tributo aos pais da criação”. Sob a ótica da realidade racional, o que temos ali é a própria mãe natureza gerando ozônio para formar uma capa protetora para nós, seus filhos. É essa camada de ozônio que mantêm o equilíbrio térmico do planeta e permite a vida na superfície terrestre. E nós, os moleques, estamos destruindo essa proteção com um comportamento irresponsável. Vai ter castigo.

Tem muita gente que acha que a vida é uma grande farra. Eu também gosto de me divertir, mas acabou a brincadeira. Tá na hora de cair na real. Se o pessoal da Nasa não andou bebendo, o gelo vai acabar em 2012. E todo mundo sabe que festa, sem gelo, não funciona.

2 comentários:

  1. E de pensar que comportamentos tão simples como: separar o lixo, reaproveitar embalagens, tirar os produtos de origem animal do prato e vestuário e etc, pode revrter a situação. Estudos confirmaram que a criação de gado para comida e leite, gera 40% mais gases (sim, o pum da vaca) causadores do efeito estufa que todos os meios de transporte juntos. É difícil mudar hábitos, mas como podemos ver a situação é alarmante. Parabéns e obrigada pela informação Kledir.

    Beijos,
    Aline Mariano

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  2. Seria mais cômico se não fosse tão trágico. Vai ter castigo mesmo. Eu pensava que pudéssemos abrir a porta das geladeiras e do 'frigider', como diz meu pai, e apontá-los todos aos extremos do planeta, e então o frio denso manteria intacto nosso gelo polar. Porém, analisando melhor minha proposta, percebi que isso geraria mais consumo de energia, o que resulta em mais poluição, e isso significa menos tempo para o ártico. Como podemos ver, é um paradoxo, um impasse. Aliás, nossa inércia é tão grande, que parece que é assim mesmo que pensamos - ou algo tão absurdo quanto. Um abraço, Kledir!

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